Projeto de leitura amplia acesso de pessoas com deficiência visual a livros

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Ler, ainda que não seja com os olhos. A Fundação Dorina Nowill trabalha para que milhares de pessoas em todo o país possam ter acesso à literatura e a técnicas de leitura inclusiva. Por meio do projeto Leitura em Todos os Cantos, a fundação irá editar 60 novos títulos e produzí-los em formatos acessíveis, como braille ou audiolivro e formato digital acessível – nesses últimos dois casos, o texto é apresentado em áudio por uma pessoa ou um robô, respectivamente.

Ao todo, serão 90 mil exemplares que irão incrementar 3,2 mil bibliotecas públicas e instituições de ensino. Até o momento, já foram publicados 13 títulos em braille, 31 em formato de áudio falado e 17 digitais. Tudo isso com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, por meio da qual a fundação conseguiu captar R$ 1,1 milhão para implementar suas ações.

O secretário adjunto da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, José Paulo Soares Martins, destaca o tema da acessibilidade, central no projeto da entidade. “Os projetos culturais e a política de incentivo à cultura utilizada pelo Ministério da Cidadania têm procurado privilegiar este tema em diversos programas e iniciativas. A Dorina Nowill é uma entidade que tem trabalhado muito pela acessibilidade, com livros que são dedicados a pessoas com deficiência visual. Projetos desta natureza reforçam o papel do incentivo fiscal como instrumento que viabiliza cultura para todos”, enfatiza.

Leitura e cidadania

Gilson Mauro de Oliveira Pereira é gerente da Biblioteca Braille do Estado do Amazonas. Mas nem sempre foi assim. Ele aprendeu a ler em cursos de alfabetização oferecidos pela fundação e reconhece a importância de ações como as do projeto Leitura em Todos os Cantos.

“Eu me lembro quando cheguei na Fundação Dorina, em 1981. Eu tinha acabado de ficar cego e não sabia o que fazer. Lá, eu aprendi a ler e depois até entrei na faculdade. Eu aprendi a ser uma pessoa que respeita, que luta, que tem amor à vida e que procura sempre trabalhar pela causa da pessoa com deficiência. A gente enxerga pelo coração e pela mente e a Dorina enxergou pela razão. Que o trabalho da Fundação nunca acabe”, conclui.

Natural de Goiás, Maria Eunice Suares também tem uma bela história para contar. Até os 21 anos, ela não sabia ler. Foi quando a Fundação Dorina Nowill entrou em sua vida. Desde então, as mudanças foram muitas. “A primeira vez em que eu entrei em uma sala de aula para aprender o sistema braile e fazer os meus anos de escolaridade, eu já usei o material da Fundação Dorina Nowill. Hoje eu já estou formada, me formei em Biblioteconomia em 92, e todos os meus anos de escolaridade eu devo à Dorina Nowill”, conta ela, que exerce sua profissão como atual diretora na Biblioteca Braille José Álvares de Azevedo, da Secretaria de Cultura do Estado de Goiás.

Leitura diária e qualificada

E se engana quem acha que as pessoas com deficiência visual leem menos. Em geral, elas chegam a ler oito vezes mais que um leitor comum, de acordo com estudos da própria fundação – e são leitores qualificados. Segundo a pesquisa Cenários da Leitura Acessível, uma das ações do projeto Leitura em Todos os Cantos, 56% das mulheres e 44% dos homens com deficiência visual são leitores, e 49% deste público leitor lê diariamente. A pesquisa também mostra que, dentre os leitores, 51% concluiu ensino superior e 44% o ensino médio e que, para aqueles que leem com regularidade, a leitura representa uma forma de conhecer o mundo.

Além da impressão e distribuição dos livros, a Fundação disponibiliza uma série de títulos para download na Dorinateca, e para empréstimo na Biblioteca Circulante do Livro falado. Juntas, elas reúnem 4.891 títulos e já totalizaram 6.809 empréstimos e 5.566 downloads de audiolivros.

Atualmente, cerca de 36 milhões de pessoas são cegas em todo o mundo, segundo o atlas da Associação Internacional para Prevenção da Cegueira (IAPB). No Brasil, são 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual (Censo IBGE 2010).

Lei Federal de Incentivo à Cultura

A Lei Federal de Incentivo à Cultura contribui para ampliar o acesso dos cidadãos à cultura, uma vez que os projetos patrocinados devem oferecer uma contrapartida social. Ou seja, se quiserem contar com o apoio da legislação para captar recursos, eles têm que distribuir parte dos ingressos gratuitamente e promover ações de formação e capacitação junto às comunidades – as chamadas contrapartidas sociais.

Por meio do mecanismo, criado em 1991 pela Lei 8.313, empresas e pessoas físicas podem patrocinar espetáculos, exposições, shows, livros, museus, galerias e várias outras formas de expressão cultural. O valor investido, total ou parcial, é abatido do imposto de renda.

Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura

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Fonte: Cultura